28/02/1999 – Vasco 3 x 1 Santos – Torneio Rio SP

Vasco 3 x 1 Santos

Data: 28/02/1999, domingo, 18h30.
Competição: Torneio Rio SP – Final – Jogo de ida
Local: Estádio Maracanã, no Rio de Janeiro, RJ.
Público: 81.421 pagantes
Renda: R$ 695.500,00
Árbitro: Paulo César de Oliveira (SP).
Cartões amarelos: Gustavo Nery (S); Odvan, Paulo Miranda e Felipe (V).
Cartões vermelhos: Sandro (S) e Nasa (V).
Gols: Mauro Galvão (16-1), Alessandro (20-1); Juninho (21-2) e Zezinho (26-2).

VASCO
Carlos Germano; Zé Maria, Odvan, Mauro Galvão e Felipe; Paulo Miranda (Wagner), Nasa, Juninho e Ramón (Alex); Donizete (Zezinho) e Luizão.
Técnico: Antônio Lopes

SANTOS
Zetti; Ânderson Lima, Argel, Sandro e Gustavo Nery (Michel); Marcos Bazílio, Claudiomiro, Caíco (Élder) e Jorginho (Rodrigão); Alessandro e Viola.
Técnico: Emerson Leão



Santos amansa e perde no Rio

Com menos faltas, time paulista cede vantagem ao Vasco, que pode até perder para conquistar Rio-São Paulo

O Vasco derrotou o Santos por 3 a 1, ontem, no Maracanã, na primeira partida da decisão do Torneio Rio-São Paulo.

Para chegar ao seu terceiro título na competição, o clube carioca pode até perder pela diferença de um gol a próxima partida, que será disputada nesta quarta-feira, às 21h30, no estádio do Morumbi, em São Paulo. Será a primeira final da temporada de 1999.

O Santos, que busca o seu sexto título, vai precisar vencer por dois gols de diferença para levar a decisão para os pênaltis.

Depois da polêmica que havia antecedido a partida sobre a violência do Santos em campo, que vinha cometendo uma média de 35 faltas por jogo, a equipe paulista cometeu apenas 27 infrações contra o Vasco, uma a menos que o adversário, reduzindo em 23% sua média.

Antes da partida, o vice-presidente do Vasco, Eurico Miranda, tinha ameaçado entrar com um pedido de indenização na Justiça caso um de seus jogadores saísse machucado de campo.

Miranda tinha protagonizado outra polêmica antes. Para mandar as partidas em seu estádio, São Januário, levou o time a um duplo W.O. com o Fluminense, na última rodada da primeira fase, e pôs em risco sua permanência no torneio.

O técnico Emerson Leão, do Santos, tachado como o mentor do jogo faltoso do time no torneio, queria provar que o Santos não é violento nem pratica o antijogo como afirmava o adversário.

As duas equipes acabaram tendo um jogador expulso de campo pelo juiz Paulo César de Oliveira. O zagueiro Sandro, do Santos, recebeu cartão vermelho aos 8min do segundo tempo. O volante Nasa, do Vasco, foi expulso aos 23min da mesma etapa.

O Vasco saiu na frente, com um gol do zagueiro Mauro Galvão aos 16min do primeiro tempo, quando o Santos dominava a partida e se mantinha no ataque.

A equipe santista conseguiu o empate pouco depois, com um gol de cabeça do atacante Alessandro.

O meia Juninho ampliou para o Vasco aos 21min.

O atacante Zezinho, que entrara no lugar de Donizete, fechou o placar para os cariocas.

A partida de ontem serviu como “”desempate” para o equilíbrio que havia marcado os 14 confrontos, até então, entre as duas equipes no Rio-São Paulo, com seis vitórias para os santistas, seis para os vascaínos e dois empates.

O Santos, com as maiores goleadas -5 a 1 em 1961 e 5 a 2 em 1962-, ainda ficou na frente no saldo de gols. No total, em 15 jogos (incluindo o de ontem), os santistas marcaram 26 gols, contra 24 do time carioca.

Santos e Vasco já chegaram a dividir o título do Rio-São Paulo em 1966, juntamente com Corinthians e Botafogo. Devido à Copa da Inglaterra, não houve tempo para desempate naquele ano. As quatro equipes foram consideradas campeãs pelos organizadores.

O Santos conquistou ainda o torneio em 1959, 1963, 1964 (ao lado do Botafogo) e 1997.

O Vasco só havia sido campeão sozinho no ano de 1958.

O clima de rivalidade que antecedeu o jogo culminou com o apedrejamento do ônibus que levava os jogadores santistas ao Maracanã por torcedores vascaínos quando chegava ao estádio.

Ao final da partida, técnico Leão resolveu voltar a reclamar da arbitragem, alegando impedimento na jogada que levou ao terceiro gol do Vasco.

“A TV tem o tira-teima. Eu só tenho a teima. Quem tira é o árbitro. Estou cansado de ser tirado”, afirmou ele.

Leão grita com os rivais e o juiz

Uma discussão com o técnico Leão provocou ontem ao meia Eduardo Marques seu afastamento do time santista. Dado como titular pouco antes de o jogo começar, o atleta nem foi relacionado para o banco de reservas. Em seu lugar, no time, ficou Caíco.

Leão e Eduardo Marques discutiram no hotel em que o time estava hospedado no Rio de Janeiro quando o treinador exigiu um melhor desempenho do meia.

Ao chegar ao Maracanã, o técnico tentou desconversar. “Ele não tinha nenhuma condição de jogar”, limitou-se a dizer.

O gerente de futebol do Santos, Marco Aurélio Cunha, tentou negar a briga dentro do time. “Não houve nenhum problema disciplinar. Foi apenas uma opção.”

Essa não foi a única briga que Leão protagonizou ontem. Durante a partida, o comandante santista ficou a maior parte do tempo fora da área reservada para ele e gritou com os seus jogadores, os rivais e o árbitro, o que lhe rendeu uma advertência. Ele pediu várias vezes cartão amarelo e vermelho para os adversários quando cometiam faltas em seus comandados.

A torcida vascaína também provocou o torcedor: “Leão, tu é gay. Tu é gay, que eu sei”. Ele respondia com gestos obscenos.

Nas rádio cariocas, Leão também foi personagem de gozação. Na rádio Tupi AM, toda vez que o técnico era citado, aparecia um jingle dizendo: “Como esse cara é mala”.

Ônibus santista é atacado

O ônibus que conduzia os jogadores do Santos foi apedrejado por torcedores vascaínos quando chegava ontem ao estádio do Maracanã. Pedras, garrafas e latas de cerveja foram arremessadas contra o veículo, que teve parte de sua lataria amassada.

Os vidros não foram quebrados, e nenhum integrante da delegação se machucou. Uma viatura da PM que estava próxima ao local evitou que o ataque fosse pior.

O presidente do Santos, Samir Abdul-Hak, que estava no ônibus, mostrou-se indignado com o episódio. “Em São Paulo, não acontece isso. Foi terrível, não esperava que isso estragasse uma festa tão bonita. Não é possível que na virada para o século 21 ainda se utilize esse tipo de pressão”, afirmou o dirigente.

O incidente agravou a série de desentendimentos que marcou a preparação das equipes para a decisão. Os vascaínos acusaram o Santos de ser uma equipe que utiliza demasiadamente a violência para parar jogadas.

Como uma forma de intimidar o adversário, o vice-presidente de futebol do clube, Eurico Miranda, afirmou na última sexta-feira que entraria na Justiça comum caso um dos seus jogadores sofresse alguma contusão grave na partida. Disse ainda que entraria com uma ação também contra o árbitro se ele fosse conivente com a violência.

Alguns jogadores vascaínos que já trabalharam com Leão, como o atacante Donizete, disseram que o técnico manda os seus jogadores baterem nos adversários.

O Santos é a equipe que mais comete faltas no Rio-São Paulo. Até a partida de ontem, os santistas cometiam em média 35 faltas por partida -a média geral do torneio é de 25.

Além disso, o time já teve seis jogadores expulsos, mas foi beneficiado pelo regulamento da competição, que não prevê suspensão automática. Só o atacante Alessandro foi expulso duas vezes.

Na primeira partida entre os dois clubes na competição, Donizete teve de ser substituído após se contundir em um lance com Marcos Assunção.

Por causa do clima de animosidade, os torcedores do Santos que saíram de São Paulo para ir ao Maracanã (cerca de 400, que ocuparam metade do espaço reservado inicialmente) só entraram no estádio no fim do primeiro tempo, para evitar choques com vascaínos.

Vascaínos já festejam o título

Logo após o gol do atacante Zezinho, a torcida do Vasco iniciou a comemoração antecipada do título do Torneio Rio-São Paulo.

Eufóricos, torcedores do time carioca começaram a cantar “é campeão” -o time pode perder por um gol no Morumbi. Eles também gritavam hostilidades contra o Flamengo, o seu principal rival, e cantavam “olé” no final.

Ontem, o público foi de 81.421 pagantes. No final da partida, torcedores pediam o quarto gol.

Na quarta-feira, a estimativa é de que cerca de 5.000 vascaínos assistam ao jogo em São Paulo. “Falta o segundo jogo. O Vasco vai ter de correr dobrado em São Paulo. Não podemos entrar na euforia da torcida”, disse Juninho.

Preocupado com o excesso de faltas do time adversário, o atacante Donizete fracassou ontem na primeira partida da decisão. Depois de um péssimo primeiro tempo, o técnico Antônio Lopes o tirou de campo.

“Fui muito mal. Antes do início do jogo, havia pedido para não jogar por causa das dores no tornozelo, mas o Lopes achou melhor me escalar. Agora, acho difícil continuar”, disse Donizete. Ele perdeu um gol e ficou três vezes impedido.

Recuperando-se de uma contusão sofrida na primeira partida entre os dois times na competição, Donizete já havia anunciado que evitaria divididas com adversários.

Ex-jogador de Leão, no Verdy Kawasaky (Japão), Donizete foi o conselheiro dos jogadores do Vasco para tentar fugir da violência.


Santos e Vasco renegam vocação na final (Em 28/02/1999)

Paulistas tentam desmentir título de os mais faltosos, enquanto cariocas abandonam drible temendo contusão

O Vasco superou os rivais que apareceram pela frente com os dribles de Felipe e Ramon para chegar à final do Torneio Rio-São Paulo.

Já o Santos fez seu caminho cometendo faltas -pelas estatísticas, em geral, o time mais faltoso é o vencedor da partida.

E, agora, os finalistas prometem deixar de lado seus trunfos para chegar ao título, que começa a ser disputado às 18h30, no Maracanã.

A mudança no estilo de jogo da equipe carioca se deve à violência santista na competição.

Segundo o Datafolha, o drible foi a principal vantagem do time carioca no campeonato. De acordo com a pesquisa, o Vasco faz 35 tentativas por jogo, quando a média geral é de 26 dribles.

“Como o time do Santos tem um estilo muito forte, os jogadores vão ter que se movimentar e tocar rápido a bola para fugir das faltas. Não podemos prender muito o jogo. Se fizermos isso, vamos facilitar muito para eles”, afirmou o técnico do Vasco, Antônio Lopes.

A equipe paulista comete 35 faltas por partida (a média geral é de 25). Além disso, o time já teve seis jogadores expulsos, mas foi beneficiado pelo regulamento da competição, que não prevê suspensão automática. Só o atacante Alessandro foi expulso duas vezes.

“Leão foi meu treinador, e sei que fará uma marcação nos principais jogadores do nosso time. Esse é o estilo de jogo dele. Para surpreendê-los, decidimos jogar com mais velocidade e evitar o contato”, disse o lateral-direito Zé Maria, que foi comandado pelo técnico rival quando atuava na Lusa.

Na primeira partida entre os dois clubes na competição, o atacante Donizete, um dos destaques do time do Vasco, teve de ser substituído após se contundir em um lance com o volante Marcos Assunção.

A preocupação com a violência é tanta no Vasco que o vice-presidente de futebol do clube, Eurico Miranda, decidiu tentar pressionar os adversários.

Na sexta-feira, ele até ameaçou entrar na Justiça comum caso um dos seus jogadores sofra alguma contusão grave na partida. Disse que entrará com uma ação também contra o árbitro, se ele for conivente com a violência.

“Violência é balela”

Por seu lado, os jogadores do Santos minimizaram as declarações do dirigente vascaíno Eurico Miranda. E negam acreditar que foi estabelecido um “clima de guerra” para o jogo de hoje.

“Isso tudo é balela”, afirmou o zagueiro Argel, alvo preferido dos ataques de Miranda. “Eu quero que me mostrem fatos. Estou há um ano e dois meses no Santos e fui expulso apenas uma vez e ninguém está aí sem jogar por culpa minha”, afirmou.

Argel não acredita que as declarações de Miranda possam criar um clima propício para a ocorrência de jogadas violentas. “O Vasco, assim como o Santos, vai entrar para jogar. Eu conheço o Antônio Lopes e sei o tipo de jogo que ele aprecia”, disse o zagueiro. “Mas o Santos não vai mudar sua maneira de atuar. É um time determinado, sem estrelas e forte no conjunto”, conclui.

O goleiro Zetti também desprezou os comentários de Miranda. “Somos profissionais e respeitamos os colegas do outro lado. O Santos joga desta forma, é forte na marcação, mas não é violento. O futebol hoje é assim. É competitivo, corpo a corpo”, afirmou.

“Apesar disso, não somos um time que joga na defesa. Jogamos para a frente e fazemos gols, como já mostramos no Maracanã”, ressalvou Zetti, lembrando a semifinal contra o Botafogo.

O técnico Leão disse simplesmente que não comentaria opinião de quem quer que fosse sobre a possível “violência santista”, por achar que a alegação não se justifica e por ter sido já bastante debatida. “Essa história está desgastada. Para mim, não existe”, afirmou.

Ele comentou, no entanto, outras declarações de Eurico Miranda, como a afirmação de que foi dispensado do Vasco pelo dirigente em 1980. “Nessa época, o Eurico não passava de um coadjuvante no Vasco”, afirmou.

Leão afirmou também que para arrancar sua juba “é preciso muita coragem”. Provocador, Miranda havia afirmado que Leão sem a juba era um gatinho e miava.

Viola e Alessandro

O atacante Viola afirmou que não existe qualquer problema de relacionamento entre ele e o atacante Alessandro.

No final da primeira partida com o Botafogo, Viola havia reclamado de “individualismo” no time do Santos, sem citar nomes.

“Quiseram me jogar contra o Alessandro. A única coisa que eu disse é que, como jogo enfiado, por determinação do Leão, preciso receber bolas na área e, às vezes, essas bolas não chegam”, disse.

O atacante ironizou o comportamento de Eurico Miranda. “Eu tiro o chapéu para ele. Queria tê-lo no meu time, porque faz tudo o que quer e acaba sempre dando certo.”

Banco é trunfo rival, diz Leão

O técnico Leão afirmou que o Vasco leva vantagem em relação ao Santos pelos jogadores que tem à disposição no banco de reservas.

“Sem dúvida, eles possuem um banco tecnicamente melhor do que o nosso”, afirmou Leão.

No jogo contra o São Paulo, na quarta-feira, dois dos três gols do Vasco foram marcados por jogadores que estavam na reserva -um pelo meia Vágner (com passagem pela Roma, da Itália) e outro pelo atacante Guilherme (ex-Rayo Vallecano, da Espanha).

Já o Santos conta entre os suplentes com o meia Caíco, o lateral Dutra e o atacante Camanducaia.

O treinador santista deverá escalar o time com apenas dois atacantes (Viola e Alessandro), desistindo da experiência do ataque com três jogadores, pelo menos para este primeiro jogo da final.

Na semana passada, no primeiro jogo contra o Botafogo pelas semifinais, o Santos marcou apenas um gol, mesmo jogando com três jogadores fixos na frente.

Nos outros sete jogos que fez pelo Rio-São Paulo, o time marcou 15 gols, média de 2,14 por partida.

O atacante Viola, autor de três gols nos últimos três jogos do Santos, afirmou que recebeu orientação do treinador para jogar “mais enfiado”, tentando atrair a marcação dos dois zagueiros do Vasco.

Só nos dois jogos que o Vasco fez no Maracanã pelo Rio-São Paulo, a defesa do time carioca levou sete gols, média de 3,50 por partida.

O meia Jorginho, que se machucou no coletivo de sexta-feira, quando foi atingido por um carrinho do meia Arinélson, seria submetido ontem a uma avaliação médica para saber se teria condições de jogo. Até sexta-feira, o técnico Leão não tinha definido um substituto.

O goleiro Zetti, que teve o julgamento de sua expulsão contra o Palmeiras adiado para depois do encerramento do Rio-São Paulo, afirmou que o time está empolgado e que encara os dois próximos jogos como se fossem a final do Campeonato Brasileiro.

O Santos tenta seu segundo título na competição nos três últimos anos. Caso vença, será sua sexta conquista na história geral do Torneio Rio-São Paulo. O time já é a equipe com o maior número de conquistas na história da competição.

No geral, os times paulistas levam ampla vantagem contra os cariocas. Foram 15 títulos de equipes de São Paulo, contra apenas 9 dos clubes do Rio.


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